Ai que Saudades da Amélia
Nunca vi fazer tanta exigência
Nem fazer o que você me faz
Você não sabe o que é consciência
Não vê que eu sou um pobre rapaz
Você só pensa em luxo e riqueza
Tudo o que você vê, você quer
Ai meu Deus que saudade da Amélia
Aquilo sim que era mulher
As vezes passava fome ao meu lado
E achava bonito não ter o que comer
E quando me via contrariado dizia
Meu filho o que se há de fazer
Amélia não tinha a menor vaidade
Amélia é que era mulher de verdade
Ataulfo Alves / Mário Lago
Na música "Ai que saudade da Amélia", composta por Ataufo
Alves e Mário Lago, encontramos um recurso linguístico conhecido
como clivagem. A clivagem coloca em
destaque um elemento da frase. Para entender melhor, considere como exemplo o
trecho da música: "Amélia é que era mulher de verdade. " Como
podemos notar, o autor da música quis dar um destaque ainda maior à
Amélia, ao fazer uso do verbo ser mais a
palavra que na mesma oração.
Clivar também está
associado a dividir. O termo clivagem, tem uso em diversos
ramos do conhecimento humano. Em psicologia, clivagem é uma espécie de
cisão na organização psicológica do ser em nível de ego, em geral como
mecanismo de defesa. Em mineralogia, refere-se à fragmentação
dos mineirais; em biologia, remete à divisão celular dos embriões; nas
ciências sociais, diz-se que clivagem é a separação que ocorre entre grupos
sociais por razões diversas.
A clivagem é,
obviamente, um recurso importante na sintaxe do português moderno, ela é
bastante utilizada em diversos gêneros textuais, e muito comum na língua
falada. Sem duvidas pode ser considerada uma estratégia para dar ênfase ao
que se quer dizer.